O mundo da música perdeu uma de suas maiores lendas: D’Angelo, cantor e compositor de R&B e neo-soul aclamado pelo Grammy, morreu aos 51 anos. A notícia foi confirmada pela família do artista na terça-feira, informando que a morte ocorreu “após uma batalha prolongada e corajosa contra o câncer”.
Em comunicado divulgado pela sua gravadora de longa data, a RCA, a família lamentou: “A estrela brilhante da nossa família apagou sua luz para nós nesta vida”. Eles expressaram gratidão pelo “legado de música extraordinariamente comovente que ele deixa” e pediram respeito à privacidade durante o luto.
A RCA também prestou sua homenagem, classificando D’Angelo como um “visionário incomparável”. A gravadora destacou sua maestria em combinar os sons clássicos do soul, funk, gospel, R&B e jazz com a sensibilidade do hip hop, prevendo que suas composições e estilo vocal “continuarão a inspirar gerações de artistas.”
A Trajetória Musical
Nascido Michael Eugene Archer em Richmond, Virgínia, D’Angelo cresceu em um ambiente musical intenso como filho de um pregador pentecostal. Seu talento foi lapidado na igreja, onde, segundo ele, a música no coral era tão poderosa e importante quanto o sermão.
Aos 16 anos, ele deu um vislumbre de seu futuro ao vencer o concurso noturno amador “Showtime at the Apollo”. Aos 18, tomou a decisão de se mudar para Nova York para buscar uma carreira profissional, uma escolha difícil dada a profunda ligação de sua família com a igreja.
Apesar de ser conhecido como cantor, o primeiro sucesso de D’Angelo veio como compositor. Em 1994, o single “U Will Know”, coescrito por ele, integrou a trilha sonora do filme “Jason’s Lyric” e alcançou o top 10 das paradas de R&B.
Brown Sugar e o Dilema de Untitled
Em 1995, ele lançou seu álbum de estreia, Brown Sugar, consolidando-o rapidamente como uma estrela em ascensão no neo-soul. O álbum, que se tornou disco de platina, misturava soul, jazz, hip-hop e rhythm and blues, redefinindo o gênero.
Cinco anos depois, ele lançou Voodoo, um projeto que alcançou aclamação crítica e foi premiado com o Grammy. No entanto, a visibilidade do álbum foi ofuscada pelo videoclipe de seu single, “Untitled (How Does It Feel?)”. No vídeo, D’Angelo aparecia sensual e aparentemente nu, cantando diretamente para a câmera uma performance explicitamente destinada ao público feminino.
Apesar do sucesso estrondoso e do status de sex symbol que o vídeo lhe conferiu, o cantor mais tarde expressou desconforto com a imagem. Seu empresário da época, Dominique Trenier, lamentou que D’Angelo ficasse marcado na memória do público apenas como “o cara pelado”, ofuscando a profundidade do álbum Voodoo. Essa pressão contribuiu para seu posterior e longo afastamento da indústria.
D’Angelo só lançaria outro álbum, Black Messiah, em 2014, gravado com sua banda The Vanguard, marcando seu retorno após 14 anos.
Além de seu legado musical, D’Angelo era pai de um filho, fruto de seu relacionamento com a cantora e compositora Angie Stone, que faleceu em março de 2025.




