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Julgamento de Bruno Henrique será retomado no STJD nesta quinta; atacante do Flamengo pode ser absolvido ou ter pena aumentada

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Reprodução / Instagram @flamengo

O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, voltará a ser julgado nesta quinta-feira (13), às 15h, pelo Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O caso diz respeito à condenação do jogador por supostamente forçar um cartão amarelo em uma partida contra o Santos, em 2023, para beneficiar apostadores, entre eles, pessoas próximas a ele.

A sessão de julgamento começou na última segunda-feira (10), quando o relator do caso, Sérgio Furtado Filho, votou pela absolvição do jogador. No entanto, um dos auditores, Marco Aurélio Choy, pediu vista do processo, ou seja, mais tempo para analisar o caso, e o julgamento foi interrompido. A definição sobre o futuro do camisa 27 sai nesta quinta-feira, quando os demais auditores apresentarão seus votos.

O caso e as acusações

Em setembro, o STJD puniu Bruno Henrique com 12 jogos de suspensão e uma multa de R$ 60 mil, após considerá-lo culpado por atuar de forma contrária à ética desportiva, segundo o artigo 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). A decisão ocorreu por 4 votos a 1 na 1ª Comissão Disciplinar.

O tribunal entendeu que o atacante avisou seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, que tomaria o terceiro cartão amarelo no jogo contra o Santos, disputado em Brasília, em novembro de 2023. Com base nessa informação, Wander, a esposa dele (Ludymilla Araújo Lima), uma prima (Poliana Ester Nunes Cardoso) e amigos próximos teriam feito apostas relacionadas à punição do jogador.

O esquema levantou suspeitas nas empresas de apostas, devido ao volume atípico de dinheiro investido em um evento específico: o cartão amarelo de Bruno Henrique. A partir daí, o caso passou a ser investigado pela Polícia Federal, que indiciou o jogador por fraude esportiva, com base no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, cuja pena pode variar de dois a seis anos de prisão.

As investigações e o processo

A investigação teve início em agosto de 2024 e culminou em uma operação de busca e apreensão realizada em novembro do mesmo ano. Conversas extraídas do celular de Wander serviram como base para o indiciamento dos suspeitos.

Além do processo esportivo, Bruno Henrique também responde na Justiça comum, após a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) ter sido aceita pela Justiça.

Na esfera desportiva, a defesa do Flamengo entrou com recurso no STJD para reverter a decisão e derrubar a punição. O clube defende que não houve má-fé nem prejuízo ao Flamengo, alegando que o cartão foi uma decisão estratégica, já que o atacante estava pendurado e poderia ser poupado de jogos seguintes.

O julgamento no STJD

Durante a sessão de segunda-feira, a defesa de Bruno Henrique, representada pelo advogado Michel Assef Filho, pediu a prescrição do processo, ou seja, o encerramento do caso sem punição, mas o pedido foi rejeitado por unanimidade (9 a 0). Em seguida, o julgamento passou à análise dos fatos e das penalidades aplicadas.

A Procuradoria do STJD, por outro lado, recorreu para aumentar a pena do atacante, alegando que ele teve benefício pessoal e que sua conduta afetou a imagem do clube, prejudicando o Flamengo financeiramente, já que o envolvimento do jogador em uma denúncia desse tipo impacta o valor de mercado do atleta.

O relator do caso, Sérgio Furtado Filho, votou pela absolvição de Bruno Henrique nos artigos 243 e 243-A, argumentando que não há provas suficientes de que o atleta tenha agido com a intenção de manipular o resultado da partida. Ele sugeriu apenas uma multa administrativa, prevista no artigo 191 do CBJD (descumprir regulamento), com valor máximo de R$ 100 mil.

“O acervo não demonstra que Bruno Henrique tenha atuado de maneira deliberada para alterar o resultado da partida. Os relatórios apontam movimentações suspeitas de apostas, mas não há evidência de que o atleta tenha atuado de forma coordenada com o irmão. O lance em si reforça a falta de provas de um ajuste prévio”, declarou o relator.

Após o voto, o auditor Marco Aurélio Choy pediu vista, suspendendo o julgamento. Agora, oito auditores ainda votarão, podendo seguir ou discordar do relator.

O que pode acontecer

Existem quatro cenários possíveis para o desfecho do julgamento desta quinta-feira:

  1. Absolvição total: Bruno Henrique seria liberado de qualquer punição e continuaria atuando normalmente.
  2. Redução da pena: A suspensão poderia cair de 12 jogos para um número menor.
  3. Manutenção da pena: O jogador continuaria suspenso por 12 partidas.
  4. Aumento da pena: Caso a Procuradoria convença os auditores, a punição pode ser ampliada.

Atualmente, Bruno Henrique atua com efeito suspensivo, o que o permite jogar enquanto o recurso não é decidido. O atacante foi titular e marcou um gol na vitória sobre o Santos, no último domingo.

Se o STJD decidir manter ou aumentar a suspensão, o atacante pode desfalcar o Flamengo em um momento crucial da temporada. Restam seis rodadas para o fim do Brasileirão, e o clube disputa o título ponto a ponto com o Palmeiras.

Além disso, há o risco de a CBF acionar a Fifa e estender a punição a competições internacionais, o que deixaria Bruno Henrique fora da final da Libertadores, marcada para 29 de novembro, também contra o Palmeiras.

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