Uma passageira australiana de 80 anos morreu de forma trágica após ser deixada para trás em uma ilha remota durante um cruzeiro de luxo na Austrália. A vítima, identificada como Suzanne Rees, participava de uma viagem de 60 dias a bordo do navio Coral Adventurer, com passagens avaliadas em dezenas de milhares de dólares, quando desapareceu após uma excursão na Ilha Lizard, no extremo norte de Queensland.
O incidente ocorreu no sábado (25), durante a primeira parada do itinerário. Segundo autoridades e relatos da imprensa australiana, Rees desembarcou com um grupo de turistas para realizar uma trilha até o ponto mais alto da ilha, o Cook’s Look — um percurso considerado desafiador e recomendado apenas para pessoas com bom preparo físico. A idosa teria passado mal devido ao forte calor e se separado do grupo para descansar, sendo orientada a retornar por conta própria ao ponto de encontro.
Apesar disso, ela não foi acompanhada por nenhum membro da equipe. O navio deixou a ilha próximo ao pôr do sol, sem perceber a ausência da passageira. A falta de uma checagem de presença antes da partida se tornou um dos principais pontos de questionamento na investigação.
A tripulação só notou que Suzanne não havia retornado horas depois, durante o jantar. Apenas então foi iniciada uma operação de busca, que envolveu lanternas, equipes em terra e um helicóptero. As buscas foram suspensas de madrugada e retomadas no domingo (26), quando o corpo da idosa foi localizado na ilha. A polícia informou que se trata de uma morte “súbita e sem indícios de crime”, mas abriu um inquérito para apurar se houve negligência operacional.
Família acusa empresa de negligência
A filha da vítima, Katherine Rees, lamentou o ocorrido e criticou duramente a condução do caso pela companhia. Segundo ela, houve “falta de cuidado e bom senso” por parte da tripulação do Coral Adventurer.
“Era um dia muito quente, e minha mãe passou mal durante a subida. Disseram para ela voltar sozinha. O navio partiu aparentemente sem contar os passageiros. Em algum momento, ou logo depois, ela morreu, sozinha. Espero que a investigação revele o que a empresa poderia ter feito para salvar a vida dela,” afirmou Katherine ao jornal The Guardian.

Repercussão e investigação
O caso gerou grande repercussão no país, principalmente pelo fato de o Coral Adventurer transportar apenas cerca de 120 passageiros — número considerado relativamente pequeno para cruzeiros, o que costuma facilitar o controle de embarque e desembarque.
Especialistas do setor demonstraram estranhamento com a falha operacional. “Companhias de cruzeiro normalmente têm sistemas rígidos para confirmar quem está a bordo”, afirmou Adrian Tassone, consultor ouvido pela imprensa australiana. Ele destacou que, atualmente, navios usam cartões magnéticos ou sistemas eletrônicos para evitar exatamente esse tipo de erro.
A Autoridade Australiana de Segurança Marítima (AMSA) anunciou que irá se reunir com a tripulação e conduzir uma investigação formal. Um relatório será encaminhado ao médico legista.
Empresa lamenta tragédia
Em comunicado, Mark Fifield, diretor-executivo da Coral Expeditions, lamentou a morte da passageira e disse que a empresa está oferecendo apoio à família.
“Estamos profundamente consternados com o ocorrido e continuaremos colaborando com as investigações”, declarou.
A companhia, no entanto, afirmou que não pode comentar detalhes sobre o processo enquanto as apurações estiverem em andamento.
Após o incidente, o Coral Adventurer seguiu viagem em direção a Darwin, no Território do Norte.
Tristeza em cenário paradisíaco
Moradores e turistas próximos à região relataram a tensão das buscas durante a noite. Uma testemunha que estava navegando próximo à ilha afirmou ter visto helicópteros e equipes com lanternas tentando localizar a idosa. “Era para ter sido um momento feliz para aquela senhora. Foi muito triste ver isso acontecer em um lugar tão bonito”, disse.
Agora, a família de Suzanne Rees aguarda respostas — e o episódio reacende discussões sobre protocolos de segurança em excursões marítimas em áreas remotas.




