Um dia depois de entrar em campo pelo Bahia na partida contra o Flamengo, Everton Ribeiro surpreendeu torcedores e colegas ao revelar que passou por uma cirurgia após o diagnóstico de câncer na tireoide. A notícia, divulgada pelo próprio jogador nas redes sociais, pegou boa parte do elenco de surpresa, mas o mesmo não ocorreu com o clube e o técnico Rogério Ceni, que já estavam cientes da situação havia algumas semanas.
Segundo apuração do ge, o meio-campista comunicou o Bahia assim que recebeu a confirmação do diagnóstico. De acordo com Marilia Nery, esposa do atleta, foi o departamento médico tricolor que primeiro identificou alterações nos exames de rotina e alertou o jogador. Após a descoberta, Everton preferiu manter discrição: contou apenas à comissão técnica e seguiu treinando e jogando normalmente, sem pedir afastamento.
Durante o período em que aguardava a cirurgia, o camisa 10 participou de sete partidas consecutivas, todas como titular, em apenas 30 dias. Mesmo convivendo com o diagnóstico, o atleta manteve o mesmo nível de entrega e foi um dos destaques na vitória sobre o Flamengo por 1 a 0, resultado que encerrou um jejum de 12 jogos sem vencer o clube carioca. Muitos dos companheiros só souberam da doença após o anúncio público.
O oncologista Daniel Brito, ouvido pelo ge, explicou que esse tipo de câncer costuma ter evolução lenta e pouco sintomática, o que permite ao paciente seguir com suas atividades até o momento do tratamento. “Normalmente não há sintomas. O paciente consegue viver sem nenhuma queixa”, disse. Segundo o especialista, após a cirurgia, que remove total ou parcialmente a glândula tireoide, responsável pela produção de hormônios que regulam o metabolismo, é comum a necessidade de reposição hormonal.
“A tireoide é como a bateria do corpo. Com a reposição adequada, o paciente pode levar uma vida absolutamente normal”, completou.
O jogador, de 36 anos, realizou o procedimento cirúrgico em São Paulo, onde segue em recuperação. O Bahia, por sua vez, adota postura cautelosa e ainda não confirma se ele terá condições de disputar o clássico Ba-Vi, marcado para o próximo dia 16. Médicos afirmam que o período de recuperação costuma ser rápido em casos desse tipo, o que renova as esperanças de um retorno breve aos gramados.
Um exemplo citado por Daniel Brito é o da levantadora Dani Lins, que também descobriu um nódulo na tireoide em março deste ano. A jogadora passou por cirurgia e, menos de duas semanas depois, já estava em quadra pela Superliga. Casos assim reforçam o otimismo em relação à recuperação de Everton.
Desde o anúncio, o meia tem recebido uma grande corrente de apoio. Mensagens de solidariedade vieram de clubes por onde passou, Cruzeiro, Coritiba, Flamengo e Corinthians, além de colegas de elenco e ex-companheiros de time.