A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta quarta-feira (22/10), em Santo André, o influenciador digital João Paulo Manoel, de 45 anos, conhecido nas redes como Capitão Hunter. O youtuber é investigado por crimes graves contra menores, incluindo exploração sexual de crianças, estupro de vulnerável e produção de conteúdo pornográfico infantil. A prisão faz parte de uma operação conjunta com a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), do Rio de Janeiro, que conduziu as investigações.
Segundo as apurações, João Paulo manteve contato com duas vítimas: uma menina de 13 anos e um menino de 11. A adolescente conheceu o influenciador em 2023 durante um evento de Pokémon em um shopping na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele prometeu aos pais que acompanharia e apoiaria a trajetória da menina em competições de jogos online, mas passou a solicitar fotos íntimas e enviar imagens inapropriadas dele próprio, oferecendo produtos da franquia em troca.
Registros de conversas e depoimentos indicam que João Paulo manipulava a menina, instruindo-a a apagar mensagens e fazendo declarações como “confiava nela e que a amava”, explorando sua posição de influenciador para conquistar a confiança da família e da própria criança. Um menino de 11 anos também teria sido alvo de abordagem semelhante.
A polícia descreveu o youtuber como “um abusador com elevado grau de periculosidade, atraindo crianças e adolescentes por meio de um perfil mentiroso para ganhar a confiança dos vulneráveis e coagi-los à prática de atos libidinosos”. A delegada responsável pelo caso, Maria Luiza Machado, ressaltou que a liberdade do influenciador colocava diversas crianças em risco, já que a prática criminosa era recorrente.
Quem é Capitão Hunter
João Paulo Manoel se tornou conhecido por criar conteúdo voltado ao público infantil e adolescente sobre a franquia Pokémon. Seu canal no YouTube contava com mais de 700 mil inscritos, com vídeos de gameplay, transmissões ao vivo, unboxings de cartas e produtos colecionáveis. Ele também mantinha presença no TikTok, com 115 mil seguidores, e administrava uma loja online de produtos relacionados à franquia.

O youtuber participava de eventos da comunidade geek, promovia sorteios de cartas raras e interagia com seguidores em grupos de WhatsApp, ganhando grande influência sobre crianças e adolescentes. A investigação concluiu que ele valeu-se de sua popularidade para atrair e manipular menores.
Investigação e medidas legais
O mandado de prisão temporária foi expedido por um juiz da Vara especializada em crimes contra crianças e adolescentes do Rio de Janeiro, após denúncia da família da menina de 13 anos. O influenciador foi autuado por estupro de vulnerável e produção de conteúdo pornográfico infantil.
Na residência de João Paulo, os policiais encontraram seis celulares, três pendrives e uma CPU, que foram apreendidos para perícia. A Justiça também autorizou a quebra de sigilo de dados e bancário do influenciador. O caso corre em segredo de Justiça, garantindo a proteção da identidade das vítimas.
Repercussão do caso
A detenção de João Paulo Manoel provocou uma onda de indignação nas redes sociais. Usuários expressaram surpresa e revolta, especialmente considerando a confiança depositada por pais e seguidores no conteúdo voltado para crianças e adolescentes que ele produzia. Hashtags como #CapitãoHunter e #JustiçaParaAsVítimas rapidamente se tornaram tendências, refletindo o clamor público por justiça e maior fiscalização de influenciadores digitais.




