A designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, que está cega suspeita de intoxicação com metanol após o consumo de vodca em um bar de São Paulo, teve alta da UTI, mas, ainda segue internada no hospital.
Segundo a irmã da vítima, Lalita Domingos, não há previsão de alta. “O oftalmologista iniciou tratamentos para reverter o quadro, mas a visão dela permanece comprometida.”
Radharani, afirma ter consumido três caipirinhas num bar localizado na Alameda Lorena. Após o consumo, os sintomas surgiram. Ela precisou ser internada na UTI, onde sofreu convulsões e foi intubada. Do leito, ela desabafou sobre a surpresa do local de contaminação e a perda:
“Era uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina. Bebi três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca. Causou um estrago bem grande. Não estou enxergando nada.“
Casos confirmados
As autoridades de saúde de São Paulo confirmaram um aumento nos casos. Até a última atualização:
- Vítimas Fatais: Cinco mortes foram confirmadas (ou estão sob forte suspeita) devido à ingestão da substância tóxica.
- Casos Totais: Mais de 20 casos de intoxicação estão sendo investigados, entre confirmados e suspeitos, concentrados na capital e na Grande São Paulo.
Como o metanol pode causar cegueira?
O metanol (CH₃OH) é uma substância altamente tóxica, que é tanto incolor quanto inflamável. Seu grande perigo reside na dificuldade de identificação, já que possui um cheiro semelhante ao do álcool etílico (o álcool de bebida). Conhecido antigamente como “álcool da madeira”, hoje sua produção é majoritariamente industrial, utilizando o gás natural como principal matéria-prima.
Após a ingestão, a substância é metabolizada no fígado e transformada em ácido fórmico.
- Geração do Veneno: O ácido fórmico se acumula no sangue e causa uma acidose metabólica grave.
- Ataque ao Olho: Este ácido ataca diretamente as células do nervo óptico, a “conexão” crucial entre o olho e o cérebro.
- Dano Irreversível: O ataque destrói as células, resultando em neurite óptica e, em poucas horas, cegueira permanente.
É por isso que a intervenção médica imediata é vital ao sinal de visão turva, a fim de tentar reverter o dano.
Bares interditados
Na terça-feira (30), uma ação conjunta da Polícia Civil de São Paulo e a Vigilância Sanitária interditaram três bares após caso de intoxicação por metanol.
Entre os bares interditados está o bar do Ministrão, localizado no Jardins, região nobre da capital paulista. Na segunda-feira (29), o bar já havia sido alvo de operações, onde cerca de 100 garrafas de destilados foram apreendidas.
Os outros dois estabelecimentos são o Torres Bar, localizado no Mooca, zona norte da capital, e o Villa Jardim, situado no município de São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo.
Pronunciamentos dos estabelecimentos
Diante das interdições e das investigações, os bares citados procuraram se manifestar publicamente, em notas ou por meio de seus representantes legais, para negar envolvimento com a adulteração das bebidas e defender a origem de seus produtos.
Em nota, a administração do bar Ministrão nega a venda de produtos falsificados. Os representantes afirmaram que todas as bebidas eram adquiridas de fornecedores oficiais, com notas fiscais e procedência garantida. O bar manifestou estar cooperando com as autoridades e na expectativa de provar a regularidade de seus produtos.
De forma geral, estabelecimentos como o Torres Bar e o Villa Jardim também negaram ter conhecimento sobre a adulteração das bebidas e enfatizaram que a responsabilidade pela falsificação deve ser atribuída à cadeia de distribuição e não ao ponto de venda final.
Apesar dos pronunciamentos, o Governo de São Paulo manteve a interdição cautelar em todos os estabelecimentos onde houve suspeita ou confirmação de consumo das bebidas contaminadas. Os locais só serão liberados após a certeza de que estão seguros, enquanto a Polícia Civil e a Vigilância Sanitária investigam se a adulteração ocorreu no envase, na distribuição ou na própria comercialização.