Home / Notícias / Explosão interrompe lançamento do primeiro foguete comercial do Brasil

Explosão interrompe lançamento do primeiro foguete comercial do Brasil

 Innospace/Reprodução

O primeiro lançamento de um foguete comercial a partir do Brasil, o foguete sul-coreano HANBIT-Nano teve sua missão interrompida na noite desta segunda-feira (22/12), pouco após ser lançado do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. A operação integrava a Operação Spaceward e marcava o primeiro lançamento comercial de um foguete orbital a partir do território brasileiro. O voo não era tripulado.

Minutos após a decolagem, foi possível observar uma intensa luminosidade próxima à base, seguida da interrupção da transmissão oficial. As imagens exibidas ao vivo mostraram o veículo subindo normalmente nos primeiros instantes, até que o sinal foi encerrado pouco mais de um minuto depois do início do voo.

O que informou a Força Aérea Brasileira

Em comunicado oficial, a Força Aérea Brasileira esclareceu que o foguete chegou a iniciar sua trajetória conforme o previsto, mas apresentou uma falha logo após deixar a plataforma de lançamento. Segundo a FAB, a anomalia fez com que o veículo colidisse com o solo dentro da área de segurança da base.

Ainda de acordo com a nota, todas as etapas sob responsabilidade da Força Aérea — incluindo segurança, rastreio e coleta de dados — foram executadas dentro dos padrões internacionais do setor espacial. Equipes técnicas da FAB e do Corpo de Bombeiros do CLA foram acionadas imediatamente para analisar os destroços e a área do impacto.

Posicionamento da empresa responsável

A empresa sul-coreana Innospace, responsável pelo foguete, confirmou que houve uma falha durante o voo. Durante a transmissão oficial, foi exibida a mensagem “We experienced an anomaly during the flight”, indicando que uma anomalia foi detectada ainda na fase inicial da subida.

A companhia informou que os dados do voo estão sendo analisados em conjunto com a FAB e outras instituições parceiras, a fim de identificar as causas do problema. Até o momento, não há confirmação oficial sobre o que provocou a falha.

Como foi a trajetória até a interrupção

As imagens transmitidas mostraram o HANBIT-Nano ultrapassando a barreira do som, atingindo Mach 1, e avançando até a fase conhecida como MAX Q, momento em que o foguete enfrenta a maior pressão aerodinâmica durante a subida. Logo após essa etapa, a transmissão foi encerrada, impedindo o acompanhamento do restante da missão.

Design sem nome 2025 12 23T053256.181
 Innospace/Reprodução

Cargas científicas a bordo

O foguete transportava oito cargas úteis, entre cinco satélites e três experimentos científicos. Os equipamentos seriam utilizados em pesquisas ambientais, testes de comunicação em órbita, monitoramento de fenômenos solares e validação de tecnologias de navegação.

Entre os dispositivos estava o satélite Jussara-K, desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), voltado à coleta de dados ambientais em áreas de difícil acesso. Também integravam a missão os satélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B, criados pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destinados a testes de comunicação em órbita.

Outro destaque era o experimento PION-BR2 – Cientistas de Alcântara, desenvolvido pela UFMA em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a startup PION, que levaria ao espaço mensagens criadas por estudantes da rede pública de Alcântara.

Também faziam parte da missão o satélite SNI-GNSS, voltado à determinação precisa de posição, velocidade e altitude, com potencial aplicação em drones, veículos terrestres e embarcações, além do SolaraS-S2, desenvolvido pela empresa indiana Grahaa Space, dedicado ao monitoramento de fenômenos solares. Um Sistema de Navegação Inercial (INS), criado pela empresa brasileira Castro Leite Consultoria (CLC), também estava entre as cargas, com foco na validação de algoritmos de navegação.

Importância da missão e contexto histórico

A Operação Spaceward era considerada um marco para o programa espacial brasileiro, por representar o primeiro lançamento comercial de um foguete orbital no país desde 1999, além de reforçar a Base de Alcântara como um polo estratégico para o setor espacial internacional.

O centro carrega ainda a memória do acidente ocorrido em 2003, quando a explosão de um foguete durante preparativos no solo resultou na morte de 21 profissionais, episódio que levou à paralisação temporária das atividades espaciais no local.

Investigação segue em andamento

A Innospace informou que a investigação sobre a falha continua em curso, em conjunto com a Força Aérea Brasileira e demais instituições envolvidas. Novas informações sobre as causas do acidente e o impacto sobre as cargas científicas devem ser divulgadas após a conclusão das análises técnicas.

foguete comercial brasil
 Innospace/Divulgação

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *