Leonardo Jardim se despediu oficialmente do comando técnico do Cruzeiro na tarde desta segunda-feira (15), durante entrevista coletiva realizada na Toca da Raposa. Antes da fala do treinador, o presidente do clube, Pedro Lourenço, o Pedrinho, fez um discurso emocionado e agradeceu pelo trabalho realizado ao longo da temporada.
O dirigente afirmou que a diretoria tentou convencer o português a permanecer, mas respeitou a decisão pessoal do treinador. “Lutamos para que isso não viesse a acontecer. Mas ele tem a necessidade dele, precisa ficar fora. Fica uma gratidão muito grande pelo Jardim e por toda a comissão técnica. Ele fez um ano fantástico, nunca pediu nada além do que podíamos fazer e sempre trabalhou pela instituição. Esses dez meses valem como dez anos de aprendizado para mim”, declarou o presidente, visivelmente emocionado.
Na sequência, Leonardo Jardim explicou que a decisão de deixar o clube está diretamente ligada à necessidade de cuidar da saúde física e mental. O treinador revelou que enfrentou um ano extremamente desgastante, tanto no aspecto profissional quanto pessoal, citando problemas familiares e uma intensa rotina de viagens desde sua chegada ao Brasil.
“Quando entrei nesse projeto, foi para dar o meu melhor. Nunca trabalhei apenas pelo salário. Me dediquei 100%. Mas alguns sinais alertaram que eu precisava parar um pouco e preservar minha saúde física e mental”, afirmou o técnico, ressaltando que acionou uma cláusula contratual que permitia a saída ao fim de 2025, optando por não seguir para a temporada de 2026.
Jardim também relembrou que não é a primeira vez que faz uma pausa na carreira, mencionando períodos semelhantes após passagens pelo Olympiacos, da Grécia, e pelo Monaco, da França. Segundo ele, o trabalho de um treinador exige equilíbrio e não pode ser realizado de forma automática.
Questionado sobre uma possível participação no planejamento do Cruzeiro para a próxima temporada, o português afirmou que o clube possui profissionais capacitados para dar continuidade ao projeto, mas deixou as portas abertas para ajudar, caso seja procurado. “Neste momento, o presidente deixou de ser apenas meu chefe e passou a ser um irmão mais velho. Se precisar de um conselho, meu telefone continua o mesmo”, disse.
Leonardo Jardim encerrou sua passagem destacando a evolução estrutural do clube e a valorização dos jogadores ao longo da temporada. “Hoje o Cruzeiro é mais competente, mais organizado e mais preparado. Conseguimos unir juventude e experiência, e isso foi extremamente positivo”, avaliou.
O treinador deixa o Cruzeiro com 55 jogos no comando, somando 26 vitórias, 18 empates e 11 derrotas. Sob sua liderança, a equipe marcou 76 gols e sofreu 44. A Raposa encerra a temporada na terceira colocação do Campeonato Brasileiro, garantindo vaga direta na fase de grupos da CONMEBOL Libertadores, além de alcançar a semifinal da Copa do Brasil, sendo eliminada pelo Corinthians.
Tite vira plano A do Cruzeiro para substituir Leonardo Jardim
Com a definição da saída de Leonardo Jardim, o nome de Tite é o favorito para assumir o clube. Decidido a retornar ao futebol após um período afastado por questões pessoais, o treinador gaúcho se tornou o plano A da diretoria celeste.
Segundo apuração da ESPN, representantes de Tite têm reunião marcada nesta segunda-feira (15) com dirigentes do clube mineiro para discutir o interesse e entender os detalhes do projeto esportivo. Como antecipado pela emissora na última sexta-feira, o treinador foi oferecido à Raposa e, apesar de ter como prioridade um retorno ao futebol europeu, não descarta ouvir propostas no Brasil.
Internamente, porém, o nome de Tite não é consenso absoluto. Parte da cúpula do Cruzeiro demonstra ressalvas à contratação, principalmente pela relação desgastada do técnico com Gabigol, que já criticou publicamente a forma como foi tratado por Tite durante a passagem de ambos pelo Flamengo.
Além do Cruzeiro, o Internacional também acompanha de perto a situação do treinador. No clube gaúcho, Tite é bem avaliado por Abel Braga, que vê com bons olhos um possível retorno do técnico ao Beira-Rio.
Enquanto Tite lidera a lista de preferências, a diretoria celeste mantém outras opções no radar. Um dos nomes fortes é o de Paulo Pezzolano, velho conhecido da torcida, que comandou o Cruzeiro entre 2023 e 2024 e segue com bom prestígio na Toca da Raposa. Outro nome observado é o do argentino Martin Anselmi, que se destacou no Independiente del Valle e esteve à frente do Porto no último Mundial de Clubes da Fifa, nos Estados Unidos.
Já o português Artur Jorge, ex-Botafogo, chegou a ser consultado, mas está descartado neste momento. O treinador possui multa rescisória avaliada em cerca de 6 milhões de dólares (aproximadamente R$ 32,5 milhões) junto ao Al Rayyan, do Catar, e não será liberado.
