O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou o deputado estadual Lucas Bove (PL) por perseguição, violência psicológica, física e ameaça contra a ex-esposa, Cíntia Chagas. A promotora Fernanda Raspantini Pellegrino solicitou à Justiça a prisão preventiva do parlamentar, alegando que ele descumpre reiteradamente medidas protetivas que visam garantir a segurança da vítima.
Segundo o MP, as ações do deputado têm ignorado determinações judiciais, mostrando “desprezo pelas restrições protetivas”, mesmo após ser intimado pessoalmente e por seus advogados. A promotoria ressaltou que a conduta de Bove gera desgaste emocional à vítima e aumenta o risco de revitimização, principalmente em decorrência de postagens em redes sociais que fazem referência direta ao caso.
O pedido de prisão preventiva decorre da avaliação de que medidas alternativas não são suficientes diante da reincidência e da falta de limites legais observados pelo parlamentar. A denúncia também amplia o escopo do inquérito policial, que havia concluído pela inexistência de lesões físicas, mas agora inclui o relato de Cíntia como base para as acusações formais.
Histórico do caso
O caso começou em setembro de 2024, quando Cíntia Chagas, influenciadora digital com mais de 7,6 milhões de seguidores, registrou boletim de ocorrência relatando abusos físicos, verbais e psicológicos durante o casamento com Lucas Bove, que durou mais de dois anos. Entre os episódios narrados, a vítima citou agressões e comportamentos de ciúmes excessivos, incluindo um incidente em que teria sido atingida por uma faca arremessada pelo parlamentar. O casal se separou em agosto de 2024.
A 3ª Delegacia de Defesa da Mulher instaurou inquérito e solicitou medidas protetivas, que foram concedidas pela Justiça. O inquérito policial foi concluído em setembro de 2025, e Bove foi indiciado por perseguição e violência psicológica no mês seguinte. Paralelamente, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) arquivou representação por quebra de decoro parlamentar contra ele.
Manifestações das partes
Cíntia Chagas comentou a denúncia nas redes sociais, afirmando que recebe a decisão “com serenidade e confiança na Justiça” e reforçou que a violência contra a mulher é crime e não se limita à esfera privada. Ela ainda fez um apelo às vítimas: “Não se calem. O silêncio protege o agressor”.
Em entrevista à GloboNews Debate, Cíntia ainda comentou sobre sua relação com o movimento feminista: “Agora, talvez mais madura, eu olho para trás e vejo que a raiva que eu tinha das feministas vinha daquilo que eu vivia na minha casa, no meu casamento. Então, eu precisava externar isso. Era um processo de negação”.
Lucas Bove, por sua vez, questionou a seletividade da militância feminista e alegou que a denúncia teria sido motivada por divergências pessoais. Segundo ele, a decisão sobre a prisão preventiva teria sido solicitada pela outra parte apenas após declarações suas sobre fatos já públicos. O parlamentar também afirmou que a acusação ignora laudos e provas que comprovariam a inexistência de dano psicológico.
Quem é Lucas Diez Bove
Lucas Diez Bove, 34 anos, é deputado estadual pelo Partido Liberal (PL) em São Paulo. Antes de ingressar na política, teve atuação como advogado e é conhecido por seu engajamento em pautas jurídicas e comunitárias. Tornou-se figura pública em função de seu cargo na Alesp, mas sua carreira política recentemente ganhou destaque na mídia devido às acusações de violência contra a ex-esposa, que colocaram seu comportamento sob forte escrutínio público.




