Lançado em 2000, O Grinch se consolidou como um dos filmes natalinos mais populares do cinema, mas a experiência esteve longe de ser leve para seu protagonista, Jim Carrey. Mais de duas décadas depois da estreia, detalhes dos bastidores revelam que o ator enfrentou um processo exaustivo que quase o fez abandonar a produção logo no início.
Em relato recente à revista Vulture, Carrey contou que chegou a propor a devolução de seu cachê, estimado em 20 milhões de dólares, para deixar o projeto. O motivo foi o impacto físico e psicológico causado pela complexa caracterização exigida para dar vida ao icônico personagem criado por Dr. Seuss.
A transformação ficou a cargo do maquiador Rick Baker, responsável por uma prótese que cobria completamente o rosto do ator, incluindo as narinas. Segundo Carrey, ele passou praticamente todo o filme respirando apenas pela boca. Além disso, o figurino era revestido por uma camada espessa de pelos sintéticos, que causavam coceiras constantes, e as lentes de contato usadas em cena provocavam irritações severas nos olhos após horas de gravação.
O desgaste foi além do físico. O ator relatou episódios recorrentes de ansiedade e pânico durante as filmagens. O diretor Ron Howard confirmou que presenciou momentos em que Carrey precisou interromper o trabalho para tentar se recompor, chegando a ser visto deitado no chão, respirando dentro de um saco de papel entre uma cena e outra.
Diante do risco de perder o protagonista, a produção recorreu a uma solução pouco comum em sets de cinema. Foi contratado Richard Marcinko, ex-comandante dos SEALs da Marinha dos Estados Unidos, para auxiliar o ator. Ele aplicou técnicas de resistência mental utilizadas em treinamentos militares, ensinando Carrey a lidar com dor, confinamento e desconforto extremo durante as longas sessões de maquiagem, que chegavam a durar até oito horas por dia.
Além do treinamento psicológico, o ator encontrou alívio em algo mais simples: a música. Carrey revelou que ouvir canções dos Bee Gees se tornou uma estratégia pessoal para relaxar e manter o equilíbrio emocional durante o processo.
Apesar das dificuldades, o esforço resultou em uma das atuações mais marcantes da carreira de Jim Carrey e ajudou a transformar “O Grinch” em um clássico atemporal do Natal, assistido por gerações ao redor do mundo.
Jim Carrey e seus trabalhos
Jim Carrey é um ator, comediante, roteirista e produtor canadense-americano, reconhecido mundialmente como um dos maiores nomes da comédia no cinema. Nascido em 17 de janeiro de 1962, no Canadá, iniciou sua trajetória artística ainda jovem, apresentando-se em clubes de stand-up comedy. Seu talento para o humor físico, aliado a expressões faciais exageradas e grande energia em cena, rapidamente chamou a atenção da indústria do entretenimento.
O grande salto de sua carreira aconteceu no início dos anos 1990, quando integrou o elenco do programa humorístico In Living Color. A visibilidade na televisão abriu portas para o cinema, e 1994 marcou um ponto de virada com o lançamento de três filmes de enorme sucesso: Ace Ventura: Um Detetive Diferente, O Máskara e Debi & Lóide. A partir daí, Jim Carrey se consolidou como um dos atores mais rentáveis de Hollywood, protagonizando comédias que se tornaram clássicos, como O Mentiroso e Todo Poderoso.
Apesar da forte associação ao humor, o ator também construiu uma carreira respeitada em papéis dramáticos. Em O Show de Truman, entregou uma atuação elogiada pela crítica, mostrando profundidade emocional e maturidade artística. Esse reconhecimento se repetiu em O Mundo de Andy e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, considerado um de seus trabalhos mais marcantes e sensíveis.
Além do cinema, Jim Carrey atuou em séries, como Kidding, onde explorou temas como depressão, luto e identidade. Fora das telas, dedica-se às artes plásticas, à escrita e a projetos autorais, revelando um lado mais introspectivo e filosófico.
